LIVROS ON LINE
Meus trabalhos publicados -de certa forma- são estes livros que você pode conhecer aqui. Estão a venda on line e basta
clicar aqui para ter acesso ao site Clube de Autores e a cada um deles. São pequenas novelas que chamo de memórias mortais. Ambientadas em tempo e geografia especÃficos e com personagens reais da época, tentam mostrar possÃveis caminhos da alma que levaram a uma morte. Não se preocupe, os crimes são revelados no primeiro capÃtulo.
As histórias não são policiais.
Manhattan É Logo Ali
​INVERNO, 1959. QUEENS, NY. Ninguém o viu desembarcar do longo trem,
para o passado. O frio da madrugada eliminava qualquer possibilidade de alguém
se mover pela noite que trouxera os vagões, tão cansados e vazios quanto o solitário passageiro que agora olhava a rua deserta, o tempo espesso, parado de pé junto à calçada da estação, como se aguardasse um intervalo no trânsito inexistente. Seu olhar denunciava tensão, busca, ansiedade. Seus pés evitavam
o primeiro passo adiando por insignificantes momentos o instante daquilo que sabia ser inevitável. Começou a caminhar lentamente, com suas pernas movidas pela velhice e pela hesitação. Na escuridão das ruas anoitecidas, o vulto esguio dava-lhe uma imponência ilusória, pois que carregava uma única mala como quem carrega todo o peso da vida. (...)
Um Taxi Para o Albany
DEZEMBRO, 1949, WEST END, LONDRES. Inexpressiva como um quarto de hotel, a chuva caia fina sobre o novo ano, a velha esperança e as sempre iguais ruas desertas de Londres, como se não lhes importassem a vida, seus morangos mofados e seus compromissos.
Após exatos 10 anos, o dia 31 de dezembro de 1949 conduzia Florence Dayse Vatumbà Nash mais uma vez até diante daquela pesada porta de mogno, sobre a qual brilhava em bronze constantemente polido, o número 308 do Albany Court Yard, um antigo e discretÃssimo prédio de apartamentos para solteiros numa pequena rua saindo de Piccadilly. Ela contara mais uma vez mentalmente os degraus que levavam até o terceiro piso. Continuavam sendo 72 desde a primeira vez que estivera ali (...).
Paris Nem Sempre É Uma Festa
SETEMBRO, 1899, ILLE DE LA CITÉ, PARIS. A Pont-Neuf parecia ligar o passado ao nada, naquela hora baldia. Uma violenta tempestade acabara de se dissipar, deixando ainda molhados o outono e as pedras irregulares das ruas desertas. Apenas um cego e seu cão poderiam observá-la passar com passos vacilantes, surgindo como uma canção bêbada por entre a insistente neblina, vindo da direção da Place Dauphine. Seus cabelos eram de um amarelo tão pálido quanto o pôr-do-sol que antecedera aquela noite que acabava de amanhecer.
O dia surgia cinza, servindo de moldura para os diversos tons de marrom que habitavam as árvores gotejantes. Aqui e alà uma desavisada gardênia pincelava de carmim a paisagem inquietante, bela e triste como a hora, o dia, a estação (...).